Por Elisangela Leitzke
Todos os viajantes que já tiveram a oportunidade de passar por Munique, também já fizeram uso da chance de ver o Glockenspiel da prefeitura nova da cidade, na Marienplatz, o qual toca ao menos duas vezes, em horas específicas do dia.

Porém, o que isso tem a ver com o Schäfflertanz? O conjunto de bonecos que forma os dançarinos na torre da Praça da Maria tem na sua parte inferior as figuras dos Schäffler. O que se esconde por trás dessa dança que tem mais de 500 anos?
Pelos idos do final da Idade Média e início da Idade Moderna, Munique foi assolada em diversos momentos por um surto de peste – a Peste Negra. Entre 1463 e 1643 as epidemias tiraram a vida de milhares de pessoas. A morte se espalhou pelas vielas e os moradores ficaram com medo de sair de casa, já que nem medidas de saneamento, nem a medicina da época, puderam evitar o alastrar da doença.

Em 1517 mais uma vez a peste semeou seu conhecido terror por Munique. Os cidadãos não saíam de suas casas, nem abriam suas janelas, muito menos os camponeses tinham coragem de se aventurar pelas torres para vender seus mantimentos. Sendo que assim tudo faltava, inclusive vontade de seguir em frente.
Um morador que pertencia à corporação de artesões que fabricavam barris teve a ideia de juntar seus colegas para tocar e dançar pelas ruelas, animando a população a sair de suas casas. Portanto, com a ajuda dos açougueiros, os Fassmacher – construtores de barris – motivaram as pessoas a se permitir viver de novo. Assim, desde 1517 os dançarinos – só homens, já que, penso eu, não havia mulheres participando da guilda na época – nos deleitam a cada sete anos com sua arte. A nota escrita mais antiga que se tem deles data de 1702, quando pediram autorização por escrito – necessária até hoje – para o magistrado local para viverem sua tradição.

Eu tive a oportunidade de ver o Glockenspiel na prefeitura nova de Munique e logo depois o tradicional “Original Münchner Schäfflertanz”, quando este completou seus 500 anos em 2017. Em seu rápido discurso o prefeito anunciou a apresentação e o Münchner Kindl contou sobre a história da mesma. Agora em 2019 a tradição se repetiu, mantendo os ciclos de 7 anos. Interessado em saber mais, clique: http://www.schaefflertanz.com